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Cosmovisão: Um compromisso do coração

Writer's picture: Mirelli TurrossiMirelli Turrossi

Logo pela manhã, ao sair da cama, uma das primeiras coisas que faço é colocar meus óculos. Eu até enxergo sem eles, mas é incômodo, as coisas ficam meio desfocadas, preciso fazer um esforço maior para enxergar.


As nossas ações, escolhas, prioridades, aquilo que tomamos e defendemos como verdade, são baseadas em nossa visão de mundo; chamamos isso de cosmovisão. Isso precisa nos levar a algumas perguntas: Por que enxergamos a vida de determinada maneira? De onde vêm as ideias que defendemos? Por que acreditamos nas coisas que acreditamos?


A cosmovisão é como usar óculos: todas nós enxergamos e interpretamos a vida baseada nas lentes desses óculos. A questão é: que óculos estamos usando?


Muitas vezes levamos nossa vida sem pensar em nossa história, sem nos darmos conta do quanto fomos influenciadas, não questionamos ou repensamos ideias e pressupostos que recebemos e temos carregado ao longo dos anos. Então, tenhamos consciência ou não, nossa trajetória nos deu uma visão de mundo.

Por exemplo: se você teve uma mãe presente, cuidadosa, amável, sua visão de mundo será uma, mas se sua mãe foi ausente, cruel ou te abandonou, sua visão de mundo é outra. Se você teve uma família que te apoiou, encorajou e afirmou, talvez sua visão de mundo não irá te levar a necessidade de afirmação e alguns mecanismos de defesa, como é o caso de pessoas que sofreram humilhação por parte da família de alguma maneira.


Francis Schaeffer disse: “Todas as pessoas têm seus pressupostos, e elas vão viver do modo mais coerente possível com estes pressupostos, mais até do que elas mesmas possam se dar conta. Por pressupostos entendemos a estrutura básica de como a pessoa encara a vida, a sua cosmovisão básica, o filtro através do qual ela enxerga o mundo. Os pressupostos apoiam-se naquilo que a pessoa considera verdade acerca do que existe. Os pressupostos das pessoas funcionam como um filtro, pelo qual passa tudo o que elas lançam ao mundo exterior. Os seus pressupostos fornecem ainda a base para seus valores e, em consequência disto, a base para suas decisões.” 


Resumindo, a maneira como enxerga o ser mulher, a maneira como você vê o sofrimento, a maneira como você cria (ou criou) seus filhos, como você enxerga seu casamento ou a sua preferência política, nada disso é neutro, tudo é fruto de uma cosmovisão. 


Nossas escolhas não são neutras: carregamos convicções, criamos metas, objetivos, entendemos ideias como verdade ou mentira baseadas em nossa cosmovisão. Essas coisas são como um arquivo que enviamos para uma impressora; o que ela imprime são nossas escolhas, ações, decisões, como nos movemos e existimos no mundo exterior.


Nossa cosmovisão é composta de um conjunto de crenças fundamentais e crenças não básicas. Ex.: Gostar de sorvete de morango ou de chocolate seria uma crença não básica, mas acreditar se eu sou produto de um ato criador ou do Big Bang, é uma crença fundamental. Ela nos fala de coisas que são determinantes para como compreendemos o mundo (perguntas fundamentais que constituem nossa cosmovisão): “Quem é Deus?”, “Deus existe?”, “Se ele existe, quem é esse Deus?”, “Como o mundo veio a existir?”, “Por que estamos aqui?”, “O que há depois da morte?”.


James Sire definiu a cosmovisão como “um compromisso do coração”. O caminho para entender qual a nossa cosmovisão é um caminho que entende o nosso coração e o reconhecimento do que ele está comprometido. Esse comprometimento precisa mudar quando nos convertemos.


Nossa cosmovisão, bem como nossa fé, não é apenas intelectual ou da esfera emocional. A dicotomia feita entre mente e coração não cabe na visão bíblica da realidade. O ser humano possui um cerne, um centro, um coração: dele é proveniente desde a interpretação da composição química da água, uma tela de Chagall, até como vivemos um luto ou o nascimento de um filho.


Na Bíblia, o coração é entendido como sendo a parte central do homem. Seria a sede da personalidade, das emoções, dos desejos, das aspirações, inclinações e vontades, bem como dos pensamentos e intelecto humano. É a consciência, coração (de caráter moral), como sede de apetites, de emoções e paixões.

 A Bíblia nos fala muito disso, o sábio nos adverte: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida.” (Provérbios 4:23) (você pode ler também: Gênesis 6:5; Jeremias 5:23; Jeremias 24:7; Lucas 6:45; Provérbios 27:19; Mateus 6:21).


Heber Campos Jr disse: “Ao contrário do que muitas vezes acreditamos, o homem não é o que pensa, mas aquilo em que o seu coração se apega – O homem é religioso.” Somos o que nosso coração se apega – nossas faltas, a maneira como lidamos com o dinheiro, nossa necessidade e status ou aceitação, como escolhemos a educação de nossos filhos, nossa participação na comunidade de fé, tudo isso é reflexo de nossa cosmovisão.


A Bíblia nos apresenta uma maneira nova de enxergar a vida, o cristianismo nos chama a olhar para a vida pelas lentes do evangelho. Como cristãs, precisamos buscar ter uma COSMOVISÃO CRISTÃ, centrada no evangelho, é ele quem nos dirá como Deus interpreta o mundo, e esse caminho que vamos trilhar juntas.


O apóstolo Paulo nos disse: “Embora vivamos como seres humanos, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.” (2 Coríntios 10:3-5)

Aqui está o segredo para termos uma cosmovisão cristã: “levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”.


O pecado manchou tudo, inclusive a maneira como enxergamos e interpretamos a vida. A salvação em Cristo também é a fonte onde nossa cosmovisão é restaurada, bem como nossa maternidade.

4 Comments


Keila Valentin
Keila Valentin
Mar 08, 2024

Que texto, minha amigas! Que texto! 😍

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Guest
Mar 06, 2024

Uauuuu

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Guest
Mar 01, 2024

Muito bom!

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Guest
Mar 01, 2024

Excelente

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