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A única voz que importa

Writer's picture: Luana De JesusLuana De Jesus


O MEU SONHO DE MENINA ERA PLANO DE DEUS


Desde pequena, eu era aquela garotinha que queria estar com um bebê de verdade no colo, não uma boneca. Lembro que uma das minhas maiores alegrias, na juventude, foi quando me tornei tia, aos 12 anos; eu ajudei a cuidar, trocar fralda, alimentar, e por fim, eu tinha um boneco de verdade. Logo depois, tive mais duas "bonecas", hoje, já sou tia de 8.


Quando eu imaginava meu futuro, o desejo de ser mãe ardia, mas tinha uma frase que eu sempre ouvia: “filho é despesa”.


VISÃO DISTORCIDA - OS MEUS PLANOS


Com o passar do tempo, e principalmente durante a adolescência, me alimentei com muitos conceitos da cultura, e ter filhos, não era muito legal aos olhos da galera. Primeiro a carreira, curtir um pouco a vida, e a vida de mãe começou a parecer realmente uma realidade pacata demais. Idealizei o tipo de mãe que eu seria, os planos eram: ser bem sucedida, ter do que me orgulhar, conquistar com meu esforço uma bela carreira profissional, viajar, ter patrimônios, e então, só depois, casar e ser mãe.


Casar cedo não estava nos planos, mas acabei conhecendo o meu marido aos 18 anos. Me casei aos 19, entretanto, os planos em casal não mudaram muito: terminar a faculdade, avançar profissionalmente e estarmos estabilizados financeiramente, para depois termos uns 4 filhos.


Nos três primeiros anos de casada, eu vivi uma tremenda frustração, eu não consegui avançar um passo sequer, profissionalmente; decepção com a área em que escolhi, portas fechadas, e eu acabei me tornando uma menina ressentida e amargurada por ter me tornado dona de casa.


Dona de casa até vai, mas agora nessa situação, o pior que poderia acontecer era me tornar mãe antes de alcançar meus objetivos materiais.


Foquei em continuar estudando, mas acabei mergulhando em leituras nada edificantes. Fui ainda mais infectada pelos ideais feministas durante esse período, pois ali eu encontrava os culpados da minha situação de "coitadinha".


O desejo de ter 4 filhos foi minado, e eu decidi que não queria mais ter filhos. Aliás, a essas alturas eu nem desejava mais permanecer casada, e enfrentava uma crise de fé. Afinal, o que eu tinha feito da minha vida? Onde estava o Deus que antes me respondia? (eu não o conhecia). Esse foi um daqueles desertos espirituais.


Hoje, eu vejo que mesmo estando dentro de uma seita (naquela época eu não fazia ideia) e não conhecendo o verdadeiro Evangelho (A suficiência de Cristo) — a Palavra do Senhor é viva! — Ele me alimentou, mesmo em meu analfabetismo bíblico e visão distorcida da Graça, Ele me preservou. E nos momentos em que eu estava prestes a abandonar a fé, Ele me resgatou e me lembrava de que sim, Ele existe, e estava me vendo.


OS SONHOS DE DEUS JAMAIS SÃO FRUSTRADOS - A GRAÇA CURA


Louvo a Deus que Ele não me deixou avançar por muito tempo nessa fase de trevas que enfrentei, Ele ressuscitou minha esperança, curou algumas feridas no casamento, abriu portas de trabalho, e eu e meu esposo decidimos ter o primeiro filho, em 2018.


Tudo foi milimetricamente planejado, o plano de saúde estava ok, a melhor maternidade estava ok, o quartinho estava ok, o enxoval estava ok, a gravidez foi ok, a licença maternidade estava ok. Tudo sob controle, como eu havia planejado. Aquele filho cabia no orçamento.


A única coisa que não saiu “ok” foi o parto, eu tinha certeza que não seria uma cesárea, frustração. Eu não aceitava ninguém de fora cuidar de mim, me isolei. Levei meses para dormir de novo; cuidar dos meus sobrinhos foi tão prazeroso, mas ser mãe me esgotava. Eu não queria mais ter filhos. Optei pelo método contraceptivo mais "seguro"  (que na época eu não sabia ser abortivo), pelo menos estaria protegida pelos próximos 10 anos.


A fase do puerpério passou e tudo foi clareando, desfrutei da minha maternidade, decidi ficar em casa com meu bebê e pude ver o cuidado de Deus sobre nós de uma forma diferente, através daquele bebezinho dependente de cuidados.


No entanto, a nossa família enfrentou uma crise financeira. As portas se fecharam para meu esposo (e continuariam fechadas por 2 anos), eu tive de voltar a trabalhar quando meu filho estava com 11 meses. Veio a pandemia, sofremos mais um golpe de perdas financeiras, acabamos indo morar com meus pais para conseguir se reerguer. Tudo o que eu mais temia, o fim do poço para mim, era voltar para a casa dos meus pais, agora com marido e um filho. Quanta despesa!


Mas tinha algo gracioso preparado para aquele momento, foi ali, num período em que as igrejas se fecharam, que eu comecei minha busca por conhecer mais a Deus, não somente dentro do regime que eu fazia parte, mas também comecei a ouvir pregadores de fora. E o mais importante, li a Bíblia toda pela primeira vez durante aquele um ano.


Quando eu entendi a Graça, a cura veio de diversas formas. Até então, eu não sabia como liberar perdão de fato. Que libertador! Senti-me aliviada pela primeira vez em toda minha vida!


Nessa época, meu filho estava com dois anos e eu estava desorientada em como atravessar aquela fase desafiadora dele, ainda mais ali. Mas agora eu tinha a Graça, eu entendi o que são os filhos. Não, eles não são uma realização pessoal, e nem são meramente despesas. Eu entendi o meu chamado de ensinar o meu filho sobre a Graça.


E sabe, bem nesse período, o desejo de um segundo filho começou a brotar. Eu tentei lidar sozinha com a ideia, pois era a decisão mais irresponsável aos olhos de todos: ter mais um filho estando na casa dos pais. Eu sabia que precisaria esperar até sairmos dali.


Mas esse desejo foi crescendo tanto, que eu literalmente, brigava com Deus: “não tem como!”.

Comecei a orar por provisão financeira, para que Deus nos ajudasse a voltarmos para nossa casa.


Foram meses, até o dia em que ouvi um devocional que dizia sobre “passos de fé”, e naquela semana, eu tinha ouvido outra ministração falando sobre como muitas vezes enxergamos os filhos apenas como despesas e duvidamos da provisão de Deus. Me atingiu em cheio, por semanas aquelas palavras ficaram em minha mente, até o dia em que fui a uma conferência, e lá Deus falou claramente sobre minha identidade. Foi quando eu de fato comecei a entender o quanto eu me apegava a como eu seria vista, e não em quem Deus estava me dizendo que eu era.


Eu sou filha, eu tenho um Pai que cuida e zela por mim, eu passei pelos vales que tanto temi, e foi no vale, que eu conheci mais sobre o carácter do meu Deus. Ele me fez esposa, e não tenho dúvidas que foi o amor Dele que nos uniu, Ele me fez mãe de um filho, e sim, eu serei mãe de mais um, pois se o Senhor nos ajudou até aqui, Ele continuará cuidando.


Naquele dia, eu abri meu coração para o meu esposo. Falei tudo o que estava entalado há meses. Me lembro da cara dele, de assustado, e eu não sei explicar, mas o Senhor havia depositado em mim tamanha confiança que eu não tinha dúvidas que ainda naquele ano, o Senhor proveria as condições para estarmos em nossa casa (isso foi no dia 12 de outubro de 2021). Naquele mesmo dia, tomamos a decisão de termos mais um filho.


No mês seguinte (novembro 2021), Deus abriu portas em nosso trabalho, proveu o necessário para que em dezembro, fôssemos para o nosso cantinho. 


Antes de completar um mês que já estávamos morando em nossa casa provisória (dezembro de 2021), descobri que estava grávida de 4 semanas do meu segundo filho.


UM PASSO DE FÉ EXIGE OUTROS PASSOS DE FÉ


Aleluia! Mas o crescer da fé na provisão constante do Senhor estava apenas começando.


Foram nove meses em que o Senhor, diariamente, a cada madrugada, me despertava e forjava em mim mais sobre o Seu carácter.


Permanecer tendo uma vida devocional, foi vital para que eu tivesse paz em meio aos desafios que foram surgindo.


Diferentemente da primeira gestação, dessa vez, não havia o enxoval perfeito, não havia plano de saúde; o parto seria pelo SUS, não haveria licença maternidade. Tudo aquilo que fora essencial para me gerar segurança no passado, agora eu não tinha. E à medida que a insegurança tentava me invadir, aprendi mais do que nunca a correr para os braços do Único que pode me dar verdadeira SEGURANÇA.


Lembro que o hospital que faria o meu parto, não tinha boa fama, e o medo, muitas vezes queria me invadir: "Será que dessa vez daria certo o parto normal?","Se eu precisar de uma cesárea, será que eles farão rapidamente?", "Como serão os médicos plantonistas?"


A minha única certeza para o dia do parto é de que Jesus estaria comigo, eu tinha somente isso para me agarrar. Todo resto seria uma surpresa.


Eu escrevi uma declaração para o dia do parto, separei versículos que falam sobre a fidelidade do Senhor, relia praticamente todas as manhãs, e no dia da chegada do meu filho, quem leu para mim foi o meu esposo.


Eu tive um parto difícil novamente, quase precisei de uma cesárea, cheguei em meu limite de diversas formas, e quando eu chegava no meu limite, o meu esposo sussurrava a Palavra do Senhor em meus ouvidos. E sim, a Palavra do Senhor me dava um novo fôlego para continuar; a mão do Senhor me sustentou. Eu abracei meu filho, o Senhor proveu tudo o que precisávamos.

O Senhor proveu do início ao fim. Hoje meu filho está com com 1 ano e 3 meses, e o Senhor continua provendo.


Essa é a minha história. Eu sei que realidades diferentes existem, mas a maior lição que o Senhor me trouxe em meio a essas experiências, é que a voz dEle é a única que importa.


Eu imaginava ter o controle da minha vida, mas a verdade é que eu vivi  por anos confusa em meio a tantas vozes que eu dava ouvido.


Eu encontrei verdadeira segurança quando aprendi a confiar na voz do Pai.


Eu esperava conquistar algo grande do qual eu pudesse me orgulhar, agradeço a Deus por me frustrar e me ensinar que o meu único motivo de orgulho vem das coisas que só Ele é capaz de fazer, ainda que tais coisas pareçam pequenas, ou sinônimo de fracasso para a cultura desse mundo.


Meus filhos não são despesas, meus filhos são bênçãos.

Meus filhos não são sobre mim, foi o Senhor quem os teceu no meu ventre e desenhou cada dia deles antes mesmo de eles existirem.


Eu ainda não sei quantos filhos o Senhor planejou para eu ter, mas de uma coisa eu sei, e rogo sempre à Ele: “quero continuar a compreender qual é a Tua vontade Senhor, que nenhuma circunstância fale mais alto que a Tua voz para mim, pois eu sei que em Teus planos, eu posso confiar, e em Ti toda nossa sede será saciada.”


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