Nos primeiros dois meses, após o nascimento do meu filho, eu dormi separada do meu marido. Por um tempo ele foi para o sofá, depois eu me mudei para o quarto do bebê e em algum momento depois, pude voltar a dormir na mesma cama que meu esposo.
Nesses últimos cinco meses, com alguma frequência eu e meu marido, cansados com as novas demandas, olhamos um para o outro e dissemos: "estou com saudades..." Nesses últimos cinco meses não pudemos assistir um filme juntos, ou ficar em nosso dia de folga abraçados por um longo período, como de costume.
Assim é a realidade de quem acabou de parir. Fica-se entre a vontade de ter vontade de fazer sexo, e a realidade da noite que chega e você está semimorta, com os seios vazando e o pensamento na hora em que o seu bebê vai acordar. É preciso ser o menos idealista possível para permitir que as 'coisas' aconteçam entre uma noite e outra. É preciso "desromantizar" e muitas vezes até 'forçar a barra' e dar um jeito de ficar algum tempo juntos.
Confesso que me preocupava sobre o quanto o meu casamento mudaria após o nascimento do nosso filho. Recentemente uma amiga compartilhava sobre os conflitos que passaram a existir entre ela e o marido em seu puerpério. Em meio ao cansaço, parecia que um sempre entendia errado o que o outro dizia.
É natural, por vezes, "soltar os cachorros" no esposo, mas eu tenho aprendido que palavras malditas não podem ser recolhidas nem se apagam com facilidade, mesmo sendo ditas sob a sombra do cansaço. Pela graça, entendo que muitas coisa que eu sinto e quero dizer são frutos do fato de eu estar esgotada e não que meu marido tenha culpa das demandas da maternidade.
Também é natural que a mulher seja constantemente tentada a se definir como mãe apenas; do desgaste maternal embaçar o fato de sermos esposas, além de mães. A sedução da autocomiseração, o achar que só as mães tem dias tensos diante das mudanças com a chegada de um bebê, pode nos levar a esquecer que o marido também se tornou pai agora; no meu caso, o meu marido teve de lidar comigo no puerpério, sem curso preparatório e está aprendendo a ser pai, assim como eu a ser mãe.
Casamento também é prioridade! Mesmo que nos primeiros meses tenhamos que viver muito em prol do bebê, é preciso lembrar que, voltar a priorizar o casamento também é necessário para a saúde emocional e espiritual do filho.
Filhos não curam casamentos desajustados. Nem tente. Seria pesado demais para uma criança essa função; essa responsabilidade é nossa. Garantir um lar de afeto, respeito e coerência na palavra de Deus é necessário e urgente, mas os novos padrões nos deixam tão atarefadas em criar crianças super estimuladas, geniais, saudáveis e perfeitas, que não sobra tempo pra pensar que nosso casamento precisa de espaço na nossa agenda.
Eu tenho entendido que alguns preciosismos precisam ser deixados de lado para que meu casamento também seja alimentado nesse tempo de maternidade intensa. Eu tenho escolhido dar tempo de qualidade ao meu filho, provendo tudo o que lhe é possível, mas deixei de idealizar coisas nesse processo, para que me sobre algum vigor para aproveitar um tempo de qualidade com meu marido.
Algumas de nós, se dobram em dez para poder voltar a trabalhar, mas quando se trata do casamento, a maternidade é uma boa justificativa para que os maridos tenham que se contentar com muito pouco.
A idealização de retomar o casamento quando nós mulheres estivermos plenas e menos cansadas é um ideal inalcançável; nem sei se existe esse lugar em algum período da maternidade. Necessitamos de uma parceria bem ajustada nesse caminho longo de ser pais e mães; casamento vem antes do maternar, e é um solo fértil para nossos filhos aprenderem sobre amor.
Eu sei que estamos cansadas, mas se em nenhum momento surge em nós o desejo sincero e ardente de ter tempo com nosso marido, é preciso parar e rever as coisas. Os filhos, um dia, seguirão seus caminhos, e será tarde demais para retomar o amor que nos levou ao altar.
Acabo de deixar um bilhete na gaveta para meu marido dizendo “te amo, estou com saudades”. Ele segue trabalhando e eu vou dormir porque o dia foi intenso com o bebê. Amanhã é um novo dia, as misericórdias serão bem-vindas mais uma vez; queira Deus que sobre um tempo pra ser esposa também.
Por aqui são duas crianças, uma de 3 anos e meio e uma bebê que vai completar um ano na próxima semana.
Essa noite uma delas acordou e em seguida a outra que foi das 3- 6 da manhã.
Estou tão exausta, com saudade de ter um tempo com só com marido, sem estar sendo mãe, me entendem ? Nós últimos três anos e meio, em meio a diagnóstico de autismo da mais velha, pandemia desemprego, Deus tem me ensinado mtas coisas, mas em dias como hoje a exaustão me toma por completo.
Tão nescessário esse texto. Muito bom! Obrigada!