
— Ai! Ele resmungou.
— O que aconteceu, Caleb?
— Um menino me deu uma joelhada no treino, agora está doendo bem aqui – ele apontou para a região do bumbum.
Era mais um dia de treino, e ouvir meus meninos reclamarem de dores pelo corpo ou ver seus joelhos ralados e pernas com algum hematoma é a coisa mais normal por aqui.
No outro dia, porém, as dores se intensificaram. Até acendeu, por um momento, aquela luzinha de alerta na minha cabeça, mas logo passou, não dei muita importância. À noite, já não era apenas uma dor na região lombar, eram dores de cabeça e febre também, até que meu marido “cantou a bola”:
— Acho que o Caleb está com dengue.
Ele disse isso porque algumas semanas antes, ele teve os mesmos sintomas e as dores começaram ali na região do quadril.
Pois bem, eu já sabia o que fazer: hidratação e repouso, além de uma dieta livre de alimentos que podem piorar a dengue. Muita água com sal integral, repouso e oração. Mas não bastasse o filho mais velho com dengue, no outro dia, o filho do meio com os mesmos sintomas! Ok! Mesmo protocolo, mas é claro que na mesma proporção em que o filho mais velho é de sofrer quieto o do meio tem que ser mais dramático.
Eu já estava há algumas semanas com dores de garganta e torcicolo, e sabia que provavelmente minhas noites seriam de preocupações e angústias, porque se naquela altura do campeonato o mais novo pegasse também, eu não saberia como eu iria lidar com tudo isso. Eu não sei você, mas eu fico completamente destruída quando meus filhos estão doentes, é como se eu perdesse todas as minhas forças e eu detesto ter que entrar nessa batalha.
Obviamente, nem eu e nem você gosta de lutar nessa batalha, mas vivemos num mundo caído e certamente essa não é a primeira e nem será a última batalha a ser travada em nossa maternidade. Mas há esperança! E eu gostaria de convidá-la a meditar sobre isso nesse momento.
Quando eu penso na minha fraqueza diante de situações que envolve a saúde dos meus filhos, eu sei exatamente o que sou tentada a fazer, e talvez você possa agir da mesma forma que eu. Mas como cristã, eu sei como devem ser minhas atitudes diante das circunstâncias difíceis. Entretanto, saber é uma coisa, colocá-las em prática é totalmente diferente. Contudo se já é difícil exercermos algo que sabemos, quem dirá praticar algo que nem tomamos o conhecimento. E em nossa maternidade somos postas à prova a todo momento. Por isso eu te convido a estudar o Salmo 20 comigo. Você já sabe como funciona, não é? Então, caneta na mão, e baixe aqui o presente que separei para ajudá-la nos seus estudos!
“Que o Senhor responda ao seu clamor em tempos de sofrimento;
o nome do Deus de Jacó o guarde de todo mal.
Que, de seu santuário, ele lhe envie socorro
e, de Sião, o fortaleça. Que ele se lembre de todas as suas ofertas
e olhe com favor para os seus holocaustos. SELÁ
Que ele conceda os desejos do seu coração
e lhe dê sucesso em todos os seus planos.”
Tempos de Sofrimento
Desde a queda, o sofrimento atinge toda a humanidade; pessoas sofrem o tempo todo, algumas num grau mais elevado, mas todos, de alguma forma, passam por sofrimentos nessa vida. Mas eu tenho a seguinte teoria: a maternidade acentua ainda mais o nosso sofrimento! Desde o momento do parto à vida adulta dos nossos filhos, nós mães, sofremos e nos angustiamos. Por isso é tão importante a mãe cristã estar munida da sua arma mais poderosa contra todo o sofrimento: a oração.
O contexto do Salmo 20 é um contexto de guerra, não se pode precisar qual evento seria quando este Salmo foi escrito, porque Israel quase sempre estava em guerra, mas mantenha isso em mente: Davi sabia que seu auxílio vinha do Senhor. Os versos 1-4 são uma oração pelo sucesso do Rei. É um clamor àquele que pode lhe conceder a vitória. Spurgeon disse: “Que misericórdia podermos orar no dia da angústia! E que privilégio ainda mais santo o fato de nenhuma angústia poder impedir o Senhor de nos ouvir. As angústias vociferam como trovão, mas a voz do crente é ouvida no meio da tempestade.”
Eu estou falando de um contexto de guerra e de um homem que buscou ajuda no Senhor! Mas não somente Davi recorreu a oração, olhe para Jesus, Ele estava todo tempo em oração, mesmo sendo Deus. Ele não fez nada a parte do Deus Pai, ele sempre agiu guiado pelo Espírito Santo e na dependência do Pai, enquanto vivia neste mundo.
Quanto você orou nesta manhã? Quanto você permanece diante do trono de Deus todos os dias? No Getsêmani, angustiado, pois a hora mais terrível se aproximava, Jesus orou. Em umas das pregações do Pr. Paul Washer ele diz: “Com quantas coisas temos que lutar, quantos filisteus nós temos que aturar, que ficam na terra e são como espinhos para nós? Nós não vamos ao Senhor e lutamos até que a vitória seja conquistada. Jesus Cristo venceu naquele jardim (Getsêmani). E ele venceu lutando por Ele em oração, e obtendo a vitória. Há tantas montanhas em sua vida, tantos obstáculos em sua vida, tantas coisas em sua vida que procuram te tirar dos trilhos, te parar, e elas vão ficar lá, porque algumas dessas coisas simplesmente não desaparecem com aconselhamento. Elas vão embora caindo de cara no chão diante de Deus, até que Ele te livre.”
Eu sei e você também sabe, nós amamos as caixinhas de perguntas do Instagram! “Aquela pessoa fenomenal que eu sigo sabe tanto sobre maternidade, talvez ela traga luz à esta dificuldade em que eu me encontro no meu maternar.” Ou, o que dizer dos diversos cursos disponíveis daquele cristão bem-informado, que sabe tudo sobre teologia e sempre tem resposta para tudo; “sim, ele pode me ajudar!” E gastamos horas a fio nas redes sociais procurando as respostas para nossos problemas, seja na área materna ou em quaisquer áreas que sejam, mas não gastamos nem dez minutos orando, em comunhão com o Pai, por meio do seu Filho, e movidas pelo poder do seu Santo Espírito.
Lembro-me de ouvir outra pregação de Paul Washer, em que ele questionava: “Você já tomou uma decisão realmente difícil? Você já passou uma noite inteira em oração para tomar uma decisão? Se você responder não. Eu direi a você: Eis aí um homem mais forte que Jesus. Não é impressionante que Jesus retirava-se para passar a noite em oração, para discernir a voz de Deus. E muitos não consideram isto como necessário.”
Sim, querida mamãe, os quatros primeiros versículos desse Salmo nos mostra como o Salmista, diante de um tempo de sofrimento, se volta em clamor a Deus na esperança de ser ouvido. Diante das situações difíceis em nosso maternar, para onde voltamos os nossos olhos e com quais expectativas?
Deus nos livre de tentarmos ser mais forte que Jesus, mas que sejamos humildes em reconhecer nossa dependência dEle. Mas você deve se lembrar do que eu disse anteriormente, de que muitas vezes, nós sabemos o que devemos fazer, mas nem sempre conseguimos colocar isso em prática, não é? Pois é, sabem quantas vezes essa pessoa que vos escreve já ouviu essas pregações do Paul Washer, já se sentiu marcada por essas palavras e já esteve diante de situações de doenças dos filhos e não conseguiu colocar isso em prática? Várias vezes. Ó céus! Quantas vezes eu adormeci como os discípulos que estavam com Jesus no Getsêmani, angustiada, não consegui balbuciar nem algumas míseras palavras ao Deus Todo-Poderoso.
Mergulhei, por diversas vezes, nas minhas aflições, desviei meus olhos de Cristo por alguns segundos e logo estava eu ouvindo conselhos que mais me enchiam de culpas do que traziam o jugo suave e o fardo leve que Cristo nos promete.
Mas há esperança, queridas mamães! Jesus nos convida a termos uma vida de mais oração e dependência dEle. Sim, iremos falhar, mas Ele pacientemente quer nos ensinar sobre isso: depender somente dEle.
É perseverança! Falhou hoje, tente amanhã. Lembro-me que o Caleb assistia quando pequeno, um desenho que se chamava Daniel Tigre. Sempre que algo dava errado para o Daniel, seus pais cantavam uma música para ele: “se algo der errado, dê uma virada e veja o lado bom!” Sim, Daniel murmurava quando algo dava errado, mas era sempre lembrado por seus pais a ver o lado bom!
A Bíblia nos diz que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28). Sim, TODAS as coisas! Então se hoje algo der errado, dê uma virada e veja o lado bom: elas estão te levando para mais perto de Cristo? Nossos problemas são as oportunidades de dependermos ainda mais de Cristo, e se você está em Cristo não esqueça jamais disso: Ele orou por nós (João 17).
O verso 3 traz algo de muito proveitoso para nós, nele o Salmista diz: Que ele se lembre de todas as suas ofertas e olhe com favor para os seus holocaustos. SELÁ
Spurgeon vai nos dizer a respeito desse verso que antes de sair para a guerra, os reis ofereciam sacrifícios, de cuja aceitação eles dependiam o sucesso. Ele então compara essa ação ao que Cristo fez na cruz, apresentando-se como oferta, ele diz: “O cheiro do holocausto ainda perfuma os pátios celestiais, e por ele são recebidas as ofertas do povo como sacrifícios e oblações. Em nossos conflitos espirituais, tenhamos os olhos no sacrifício de Jesus. Nunca arrisquemos guerrear até que o Senhor nos dê sinal de sucesso no altar da cruz, onde a fé vê o Senhor ensanguentado.”
Você deve se lembrar do que significa esta palavra SELÁ que geralmente encontramos em alguns Salmos, e eu já falei sobre isso; alguns artigos atrás, há alguns significados para ela, mas vamos ao significado que eu mais gosto: é uma pausa para refletirmos o que já foi dito anteriormente. Pensemos então sobre essa oferta e vamos nos unir ao comparativo que Spurgeon fez a entrega de Jesus na cruz.
Portanto, faça uma pausa na cruz de Cristo, antes de avançar nas resoluções dos seus problemas, pense sobre a Cruz. Cristo venceu a morte, ele venceu o pecado e não somente isso, mas o poder que o pecado tem sobre nós, se estamos em Cristo e se andamos no Espírito, o pecado não tem poder sobre nós. E como isso se aplica em nossa maternidade? Quando falhamos, temos a tendência de desistir, não há mais solução para essa pobre mortal!
Entregamo-nos às angústias e não perseveramos. Mas ouça: Cristo já venceu por nós. Atualmente estamos com muita pressa, mas simplesmente pare. Olhe para cruz. Antes de avançar para sua batalha do dia a dia, faça o selá – pause e aquiete seu coração em Cristo, sussurre bem baixinho esse hino: “ó mestre o mar se revolta, as ondas nos dão pavor, os céus se revestem de trevas, não temos um Salvador. Não se te dá que morramos? Podes assim dormir, se a cada momento nos vemos sim prestes submergir. As ondas atendem ao meu mandar: sossegai, sossegai. Seja o encapelado mar, a ira dos homens, o gênio do mal, tais águas não podem a nau tragar, que leva o Senhor rei do céu e mar. Pois todos ouvem o meu mandar: Sossegai, sossegai. Convosco estou para vos salvar. Sim! Sossegai.” E experimente seu coração se aquietando nos braços seguros do Bom Pastor amoroso e fiel.
Ó mãe! Onde está a sua confiança?
A incredulidade é um pecado horrível! Ela tira toda a sua esperança. Uma vez que ela toma conta de sua mente, as mais diversas angústias começam a brotar no seu coração. É como Spurgeon bem colocou: “A incredulidade começa a chorar no funeral antes de haver o morto”.
Quando meus filhos ficam doentes o coração de mãe já começa a se afligir e meu marido sempre me lembra: do que adiante ficar aflita? Sua aflição não vai fazê-los ficarem melhores. E é verdade! Aliás, tanto eles quanto eu estariam mal. Deus muitas vezes nos permite ver a aflição dos nossos filhos para que possamos perceber onde nossa confiança está firmada. Isso revela muito sobre nós: a verdade de que confiamos em nós mesmas e em nossas próprias forças. Só que nosso castelo de cartas desmorona quando nos damos conta de que estamos construindo nossa confiança sobre o alicerce errado. (Leia os 3 artigos anteriores para corrigir isso).
O verso 7 diz: Alguns povos confiam em carros de guerra, outros em cavalos, mas nós confiamos no nome do Senhor nosso Deus. Quando pensamos em guerra, imaginamos que o lado que a vencerá é aquele que estará munido de muitas armas e um exército muito maior em comparação com o adversário. Sim, há uma vantagem. É bem sabido por todos nós que há países com armas altamente poderosas, com uma proporção de destruição gigantesca. Mas você já se perguntou por que elas nunca foram usadas até hoje? Talvez você possa pensar que até hoje não surgiu nenhum louco capaz de usá-las.
Eu penso que elas nunca foram usadas porque existe um Deus que governa todo o curso da humanidade. E ele governa a seu modo, contrariando o senso humano. Não estou dizendo que nunca houve ou que nunca haverá um louco capaz de fazer tanto mal para a humanidade, não é sobre isso. Eu quero pensar com você sobre as guerras no contexto bíblico e como muitas delas foram conduzidas em favor do povo de Deus sem que que estes tivessem algumas vantagens.
Olhem para o povo de Israel, escravos do povo do Egito, saíram vitoriosos apenas seguindo um homem com o seu cajado, fugindo pelo deserto, atravessando à pés secos um mar aberto. Olhe para Davi derrotando um gigante com apenas uma pedra e sua funda, e logo em seguida usando sua espada. Ou as muralhas de Jericó, caindo ao grito do povo, sendo possível ser destruída e tomada logo em seguida. Gideão derrotando os midianitas com apenas 300 homens.
Nós sabemos muito bem como tudo isso foi possível e é exatamente o que este versículo quer nos mostrar. Os carros de guerras eram a ostentação das nações vizinhas de Israel, mas Israel, Ah, Israel! Israel possuía o próprio Senhor em seu favor.
Agora vem cá, mamãe pela graça, que está toda temerosa com os tempos difíceis da maternidade, quem é o seu Deus mesmo?
Talvez possamos parafrasear e usar este verso como nosso lema: Algumas mães confiam em seus próprios esforços, outras, nas respostas das caixinhas de perguntas das mamães popstars do Instagram, mas eu confiarei no nome do Senhor meu Deus!
Referências Bibliográficas:
Bíblia NVT – Nova Versão Transformadora.
Os Tesouros de Davi – Charles H. Spurgeon – Volume 1 – CPAD.
Pregações do Pau Washer disponíveis em: https://youtube.com/shorts/tcBs5jYB1-4?si=No-VJKhmhiEvDcbj e https://youtu.be/h1fEIWduqw8?si=e7eYveU2EaHM3qpY
Hino 328 Cantor Cristão - Sossegai.
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