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Maternar e o Feminismo




Começo esse texto com o coração apertado. Quis rever o material que já tinha estudado sobre feminismo, mas achei interessante escutar alguns podcasts e assistir alguns vídeos de pessoas influentes falando sobre o tema. É chocante perceber a tentativa insana de nossa sociedade e suas áreas de “saberes”, de sufocar a visão cristã sobre a mulher e sobre a maternidade.

 

Os cristãos sempre viveram tempos difíceis, o evangelho passeia pelos séculos incomodando a cultura em voga, e eu lhes afirmo, minhas amigas, precisamos ser corajosas e parar de fingir que o feminismo e suas vertentes não afetam nossa vida e a de nossos filhos. Cada vez mais, espaços públicos recebem o pensamento feminista como um consenso, algo dado ao saber, tendo lugar em colunas de sites públicos, livre acesso no meio acadêmico e disseminado pelas mídias sociais. Embrulhado em correntes filosóficas e psicanalíticas, nossos impostos e a cultura que nos cerca, financiam o pensamento feminista sem maiores perguntas.

 

Jonas Madureira disse: “existem dois tipos de cosmovisões: a cosmovisão majoritária e a outra é a cosmovisão minoritária. Majoritária não tem nada a ver com maioria, majoritário tem a ver com ocupação das esferas de determinação da agenda cultural de uma sociedade: mídia (comunicação, redes sociais, museu, jornalismo), educação (universidade, produção científica e intelectual, escolas, publicações, professores de diferentes disciplinas), direito e política (esfera jurídica e política). É nessa cosmovisão majoritária que o feminismo fez sua cama e nela repousa tranquilamente. Lembra quando falei na nossa primeira conversa que não existe campo neutro?

               

Talvez nós, por não defendermos o aborto, pensemos que as partículas virais do feminismo não nos atingiram, mas está bem além disso.

               

Maternidade e feminismo não conseguem andar juntos; não há como uma cosmovisão que entende a maternidade como uma opressão, a valorizar. É bem verdade que o discurso atual rodopia nas plataformas digitais, tentando minimizar isso, dizendo que o problema é a “maternidade compulsória” de uma sociedade “machista e castradora”, como escutei em um podcast, dando a solução simplista e embaçada de que “a mãe transgressora é revolucionária”. Mas a causa feminista do aborto é, sem dúvidas, o maior veredicto de que os pressupostos feministas consideram crianças (incluindo meninas) como seres inferiores que atrapalham; quanto mais novas e dentro do ventre, mas inferiores e justificáveis para morrer por um capricho feminino.

 

Nancy Pearcey, em seu livro “Ama seu Corpo, traz uma apologética importantíssima sobre as questões que envolvem o aborto, ela escreve: "O desenvolvimento do ultrassom transformou o debate, tornando o bebê visível desde as primeiras etapas. Essas imagens transformaram a mente de muitas pessoas, só que não de todas. Em entrevistas para a mídia, muitas vezes perguntam-me como as pessoas podem olhar para um bebê no útero, chutando as suas pernas, sugando os dedos e ainda dizer: “Não, não é uma pessoa”. Minha resposta é: “Você está testemunhando o poder de uma cosmovisão. Quando alguém aceita a cosmovisão de dois andares, pode literalmente olhar para um bebê como apenas um organismo, um pedaço de matéria, sem valor e sem direito à proteção.”

 

O feminismo é incompatível com o cristianismo porque ele é um compromisso do coração. As precursoras do pensamento feminista tinham o cristianismo e o Deus apresentado nele como mais um fator limitante e opressor para as mulheres, e hoje não é diferente.

 

O inimigo de nossas almas trabalha usando armas escrachadas, mas nem sempre. Se há um feminismo que roda os lugares de saber, há um bem mais em alta culturalmente, e esse é o que mais nos afeta, isso porque está presente no discurso que nos rodeia diariamente com frases do tipo: “nunca dependa de um homem” ou “pai não é ajuda”. Te parece familiar?

 

Esse feminismo cultural está presente nas roupas que usamos, na maneira como enxergamos trabalho e consumo, bem como nos desenhos que nossos filhos assistem e nos livros que eles leem. Mas não adianta apenas condenarmos essas coisas e tentar criar uma bolha para viver.

 

Precisamos lembrar que o discurso feminista é reativo, isso quer dizer que ele tem um motivo para existir. A omissão masculina no cuidado e provisão, tem instalado seu caos, e as mulheres que sofreram nas mãos de seus referenciais masculinos tem feito de suas marcas um estigma que não cura ou resolve; o feminismo é mais uma tentativa de redenção com nossas próprias mãos.

 

Mas e quanto aos nossos referenciais masculinos? Essa é a primeira pergunta que precisamos nos fazer, para então entendermos se há brechas em nosso coração nas quais as ideias feministas caibam como uma luva. Como você enxerga seu marido em meio a sua maternidade? Como foi sua relação com seu pai? Quais os pressupostos que você recebeu de sua mãe sobre os homens? Você tem dificuldade em aceitar os textos bíblicos sobre sujeição feminina? Qual foi o ensino que você recebeu sobre isso?

 

A depender das nossas próprias crenças sobre o sexo oposto – na maioria das vezes, tendo como pano de fundo nossa história, e não o evangelho e o Deus da graça que nos resgatou – vamos andar e criar nossos filhos emaranhadas em ideias que não são cristãs, incluindo o feminismo.

 

E o que faremos então? Começar a enxergar nossa história a luz do evangelho é um bom começo. Se os homens de nossa vida falharam conosco, o nosso Deus não falha, e o viver cristão é sobre isso: sobre graça e misericórdia de um Deus que nos ama e é nosso absoluto, nEle temos o referencial que nos dá identidade.

 

Se Simone Beauvoir negando os absolutos não soube dizer o que é ser mulher, por outro lado, a Bíblia nos diz para quê fomos criadas e como devemos andar. Se Betty Friedan considerava que a vida doméstica é intrinsecamente tediosa, o evangelho valoriza com graça todas as nossas realidades, inclusive a doméstica. Se Kate Millett achava que precisamos nos livrar dos tabus impostos sobre nossa sexualidade, o cristianismo vem e valoriza o sexo e o corpo feminino como nenhuma outra filosofia ou religião.

 

Como mães, precisamos seguir o ensino de Hebreus e nos livrar “de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve” e correr “com perseverança a corrida que nos é proposta” (12: 1b). Não temos condições de refutar o feminismo ou qualquer outra ideia contrária à nossa fé, a não ser que o Evangelho entre em nossa alma e faça morada, até nos calabouços mais escuros que nossa história carrega.

 

Precisamos ensinar nossos filhos a defenderem sua fé, a serem críticos ao discurso em voga, levá-los a pensar e interpretar o que assistem e escutam. O Livro “Apologética da Mamãe Ursa” é uma boa ferramenta para nós nesse sentido. O feminismo também é mãe, sua cria, a teoria queer, é talvez o pior dos seus legados, e é sob essa nuvem, do gênero como performance, que nossos filhos estão expostos mais atualmente.

 

Talvez a maior dificuldade seja nos posicionarmos contra ideias tão demoníacas sem odiar as mulheres que as carregam e ensinar nossos filhos e filhas a fazerem o mesmo. Precisamos levar todo nosso pensamento cativo ao Senhor, e em amor nos posicionarmos contra tudo que se opõe a verdade do Evangelho.

 

 O feminismo não tem respostas para suas próprias questões, ele não oferece esperança para mães enlutadas ou com filhos doentes, ele não pode trazer paz e contentamento em meio ao caos. Somos porta-vozes dAquele que é a resposta, a esperança, a paz e único capaz de preencher as lacunas disso tudo que é ser mulher e mãe.

 

“Como filhas de Eva, precisamos perceber que a Serpente ainda está entre nós, fazendo a mesma pergunta. “É assim que Deus disse...?” Você pode completar a frase com suas próprias tentações e seus pensamentos. Você pode ouvir perguntas sussurrando em seus ouvidos sobre a definição de Deus para a infidelidade, a maternidade, o sexo antes do casamento, a monogamia, o papel de homens e mulheres, o valor de uma esposa, a função de uma família e assim por diante. Essas perguntas têm uma origem — nosso inimigo espiritual — e um sistema de amplificação inato — nosso coração pecaminoso. E quando os dois se misturam, os resultados são inflamáveis.

Veja, as sementes do feminismo estão dentro do nosso coração. Cada um de nós é inclinado a concordar com a difamação do caráter de Deus empreendida por Satanás. Nós frequentemente nos irritamos com os bons limites que Deus nos colocou. Somos facilmente tentados a pensar o pior de Deus. E duvidamos de que o que Deus restringiu de nós seja tão bom quanto o que ele nos deu.” (Carolyn McCulley)

 

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